Contabilidade

Introdução ao Balanço Patrimonial

Introdução ao Balanço Patrimonial

Dentre as diversas demonstrações contábeis, temos as 3 principais e mais usadas em todo o mundo: Demonstração do Resultado de Exercício, Demonstração do Fluxo de Caixa e Balanço patrimonial. Aqui, abordaremos toda a parte teórica do Balanço Patrimonial, desde a função, objetivos e, além disso, como analisar de forma prática um balanço patrimonial, incluindo a análise de indicadores e análise vertical e horizontal. Antes de se iniciar, é importante notar que o Balanço Patrimonial segue o regime de competência, não o ciclo de caixa, como a DFC, isto é, caso a empresa emita uma despesa em um mês, ela será dada no balanço como naquele mês, mesmo o pagamento sendo em meses seguintes ou parcelado.

Importante citar que o Balanço Patrimonial é uma foto da empresa no último dia do período analisado, ou seja, antes dessa data, a empresa pode fazer qualquer movimentação nas contas contidas no BP, inclusive injetar capital para inflá-lo e algumas outras modificações que podem ser prejudiciais a análise. É daí que vem a importância de se analisar todas as demonstrações contábeis em conjunto.

O que é, sua função e utilidade

Em sua essência, o Balanço Patrimonial (BP) é o relatório contábil feito após todas as movimentações financeiras de uma empresa em determinado período (geralmente trimestral ou anual), ou seja, através dele é que se obtém a origem de recursos da empresa. O Balanço Patrimonial é usado para obter informações cruciais da companhia analisada, como por exemplo a situação do patrimônio da empresa, como bens, direitos, dívidas e obrigações. É dele que derivam as informações relacionadas a dividas, ao capital da empresa, ao número de ativos que a empresa possui e como está sua gestão de capital de giro.

O Balanço é útil ao analisar um firma pois divide todas as suas informações relacionadas ao patrimônio em blocos, de fácil visualização. Além do que já foi citado, tais informações permitem analisar detalhes também do futuro da empresa analisando a sua situação presente, como por exemplo, analisar sua posição em caixa e reservas e endividamento para ver a possibilidade de um dividendo futuro, ou então estimar, com base em estoques e dívidas, o capital de giro futuro, muito útil para prever o comportamento da empresa.

Estrutura

O BP é dividido em 3 estruturas distintas, mas que possuem relação entre si: Ativos, Passivos e Patrimônio Líquido. Ao lado esquerdo, ficam os ativos da empresa, enquanto do lado direito os passivos, e embaixo desses o patrimônio líquido. As linhas dentro das três estruturas são agrupadas por ordem de elegibilidade e/ou liquidez, isso é, dentro dos ativos, eles são agrupados por ordem de liquidez (facilidade de transformação em dinheiro) e na parte dos passivos, não por via de regra, mas geralmente, são apresentados em forma de importância quanto ao pagamento, ou seja, a empresa elenca qual a ordem de importância de pagamento, se são os funcionários, fornecedores ou dívidas, sendo essa a mais usual. Sua estrutura contábil é dada por:

Balanço Patrimonial Arezzo – 31/12/2019 – em milhares de reais (R$)

Ativo

O ativo nada mais é que o conjunto de bens e direitos da empresa. Dentro do ativo, há duas subestruturas: Ativo Circulante (AC) e Ativo Não Circulante (ANC)
O AC são os bens/direitos que serão transformados em dinheiro dentro do período de um ano, ou seja, aqui é onde se encontra a posição em caixa, estoques, contas a receber e outras possíveis fontes de monetização da empresa.
Já no ANC, se encontram os bens/direitos que serão ou transformados em capital ou utilizados a longo prazo pela empresa, após o período de um ano, ou seja, aqui entram os investimentos de longo prazo, o realizável a longo prazo, os bens imobilizados (fábricas e máquinas).

Passivo

Os passivos são as obrigações/dívidas que a empresa possui e é dividida da mesma forma que os ativos, em passivo circulante (PC) e não circulante (PNC).
O PC é composto de dívidas/obrigações de até um ano, como salários de funcionários, fornecedores, dívidas de curto prazo, tributos e dividendos.
No PNC é onde se encontram as dívidas/obrigações de longo prazo, como empréstimos, provisões e outros.

Patrimônio Líquido

Aqui, é onde se encontra os recursos investidos pela empresa, como o capital social dos acionistas e as reservas de lucros.

É importante notar que o balanço patrimonial possui algumas particularidades quanto as suas estruturas. A equação:

A=P+PL

Significa que os ativos da empresa são iguais aos seus passivos somados ao seu patrimônio líquido, o que permite-nos inferir que todos os ativos são formados ou através de dívidas (passivo) ou através de aporte de capital (patrimônio líquido), e o contrário também, ou seja, que os passivos são pagos com caixa ou produtos/serviços vendidos (estoques) através do uso dos ativos. Sempre ao ver um balanço patrimonial, é importante notar que a fórmula sempre é válida, e a soma dos três componentes têm que obrigatoriamente ser igual a zero.

Análise do Balanço Patrimonial

Daremos agora o início a análise do BP. De modo geral, existem 3 métodos de se analisar o balanço patrimonial, e todos serão abordados aqui separadamente, porém é interessante que se aplique-os em conjunto para uma análise aprofundada e eficaz da composição da demonstração contábil.

Análise Vertical (AV)

Tal análise consiste na comparação de cada linha do ativo ou passivo com o total do mesmo. Ou seja, pega-se cada linha e mede-se a participação dessa linha dentro de cada total e transforma-se o número em porcentagem, seja no passivo ou no ativo, o formato é o mesmo. Por exemplo: usando o mesmo balanço patrimonial usado acima, pode-se notar que o Ativo total no 4T19 era de 1.413.249, o AC era de 980.665 e o ANC de 432.584, logo, dividindo o AC pelo Ativo Total e o ANC pelo Ativo Total, nota-se que o AC representa 69% do total do ativo e o ANC 31%. Já para as demais linhas, faz-se a divisão da mesma pelo total do AC ou ANC, dependendo de onde se encontrar a conta que se deseja calcular a participação. Por exemplo, Do total dos ativos circulantes, 1% é caixa, 27% aplicações e 42% contas a receber dos clientes (o que para efeitos de resumos e facilidade, pode-se unir as duas linhas caso necessário) e assim em diante.

Análise Horizontal (AH)

Tal análise consiste na comparação de um ano com o seu ano anterior, para conseguir analisar a evolução da conta que deseja-se analisar ao longo do tempo. Para chegar a tal número, divide-se o valor da conta no ano que deseja-se analisar e pela do ano anterior, diminuindo 1 e multiplicando por 100 para passar para porcentagem. Como na AV fizemos para o ativo, aqui faremos para o passivo, porém, a conta cabe para ambas as partes do balanço.

Indicadores

Dentro do Balanço Patrimonial, é possível verificar a existência de indicadores que auxiliam na tomada de decisão do investidor/analista, sendo usados para comparação com negócios do mesmo setor que sejam parecidos e também analisar dentro da própria empresa como esse indicador mudou ao longo dos anos para ver mudanças dentro da companhia.

Indicadores de Liquidez

Os indicadores de liquidez servem para ver como está a dívida da empresa, sua capacidade de pagamento e/ou aumento da mesma.

Liquidez Corrente: Composto pela divisão do AC pelo PC, ela indica como está a capacidade de pagamento da dívida de curto prazo da empresa, ou seja, se o indicador for maior que um, a empresa consegue pagar suas dívidas de até um ano apenas com o uso dos seus ativos, sem precisar negociar ou rolar a dívida.

Corrente = Ativo Circulante / Passivo Circulante

Liquidez Seca: Idêntica a Corrente, porém, é subtraído os estoques do AC, visto que nem sempre a empresa consegue vendê-los em sua totalidade e caso a empresa tenha um número muito alto de estoques que não consiga vender, o indicador de Liquidez Corrente ficará inflado, logo, recomenda-se o uso da Liquidez Seca nessas situações.

Seca = (Ativo Circulante – Estoques) / Passivo Circulante

Liquidez Imediata: Esse indicador verifica qual a liquidez da empresa para curtíssimos períodos, como uma semana ou mês, ou seja, desconta-se do ativo circulante tudo o que não possui altíssima liquidez, como estoques, duplicatas, impostos e outros.

Imediata = Disponíveis / Passivo Circulante

Liquidez Geral: O indicador mais famoso consiste em dividir o Ativo Total pelo Passivo Total com a intenção de medir a liquidez da empresa não só no curto prazo, mas por um período maior do que um ano.

Geral = Ativo Total / Passivo Total

Indicadores Operacionais

Os indicadores operacionais, como o nome indica, medem como vai a operação da empresa e indica algumas melhorias a serem adotadas pela empresa, além de ajudar com a gestão de capital de giro.

Prazo Médio de Estocagem: Mede quantos dias a mercadoria fica estocada., permitindo verificar melhorias a serem feitas no processo de estocagem para evitar demasiada depreciação do produto e seu custo de estocagem.

PME = (Estoques / Custo Mercadoria Vendida) * 360

Prazo Médio de Cobrança: Tempo medido da venda do produto até o recebimento do dinheiro da venda.

PMC = (Duplicatas / Receita) * 360

Prazo Médio de Pagamento: Tempo que a empresa leva para pagar o produto vindo dos fornecedores.

PMP = (Fornecedores / Compras) * 360

Bibliografia

IUDÍCIBUS, S. et al. “Contabilidade para Não Contadores” 5° ed. Atlas, 2008.

IUDÍCIBUS, S. et al. “Contabilidade Introdutória” 11° ed. Atlas, 2010.

REIS, Tiago. “Guia Suno Contabilidade para Investidores” 1° ed. CLA, 2019.

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Noções básicas e aplicações da Demonstração do Resultado do Exercício

Noções básicas e aplicações da Demonstração do Resultado do Exercício

O tema Demonstração do Resultado do Exercício é parte do cronograma de postagens do núcleo de Equity do Clube de Finanças da ESAG, cujo objetivo é desenvolver no leitor as habilidades básicas necessárias para a compreensão e elaboração de avaliações de empresas, por meio dos métodos de Fluxo de Caixa Descontado e de Múltiplos, temas a serem discorridos em artigos futuros.

Conceito de demonstração financeira

A dinâmica patrimonial das organizações pode ser entendida através das demonstrações contábeis. Também denominadas “relatórios contábeis” e/ou “demonstrações financeiras”, as demonstrações contábeis consistem, de acordo com Marion (2008), do conjunto de dados e informações coletados pela contabilidade, cujo objetivo é demonstrar aos stakeholders a situação financeira e econômica da empresa e as principais informações que justificam os resultados expostos, por meio de notas de rodapé explicativas e apresentações de resultados.

Assim, a situação contábil, financeira e econômica das empresas somente pode ser avaliada após a escrituração dos atos e fatos que reflitam sua situação patrimonial, de maneira clara e objetiva, atendendo princípios, normas e legislação vigente, em determinado espaço de tempo. Em 2007, o Brasil aderiu ao modelo internacional de contabilidade (IFRS), por meio da lei Nº 11.683, a fim de, principalmente, viabilizar que analistas e investidores externos possam analisar as companhias brasileiras com mais eficiência, a partir de informações mais confiáveis e comprováveis.

DRE

A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) indica, ao fim de um período de tempo (normalmente um trimestre ou um ano), o resumo das receitas, despesas, custos, ganhos e perdas gerados por uma empresa. Segundo Marion (2008), a equação básica da DRE demonstra os resultados do exercício, que podem ser de prejuízo ou lucro, em função da subtração das receitas pelas despesas, além de ganhos e perdas que podem ocorrer durante o período avaliado.

As receitas são entradas de recursos decorrentes da venda de produtos ou serviços que fazem parte da atividade normal da empresa.

As despesas são as saídas de recursos utilizadas em fatores geradores de receita que não fazem parte dos gastos de produção da empresa, como despesas administrativas e com vendas.

Os custos são as saídas de recursos utilizadas em fatores geradores de receita, que fazem parte dos gastos de produção.

Os ganhos / perdas são entradas ou saídas de recursos utilizados em atividades não relacionadas diretamente ao objetivo do negócio da empresa. Estes ganhos ou perdas são imprevisíveis, ou seja, ocorrem de maneira aleatória.

Estrutura da DRE

A estrutura demonstra de maneira clara e objetiva a relação entre as receitas e as despesas incorridas no período. No topo, estão as receitas totais de vendas dos produtos ou serviços fornecidos pela companhia, seguidas pelas deduções e despesas que se subtraem desses valores, a fim de gerar novos grupos de contas, conforme demonstrado abaixo:

Receita Bruta: Toda receita de vendas reconhecida pela empresa no período. Estão inclusos os impostos sobre vendas e os valores dos produtos ou serviços que foram devolvidos.

Receita líquida: Equivale à receita bruta deduzida dos impostos diretos, perdas e danos de produtos, comissões de vendas e devoluções.

Custos: Todos os gastos que estão diretamente relacionados à produção de bens ou serviços. Por exemplo, em uma fábrica, os gastos com matéria-prima, salários e benefícios dos operários, energia elétrica usada pela fábrica, entre outros, são considerados custos. Os custos podem ser classificados em Custo dos Produtos Vendidos (CPV) para indústrias, Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) para empresas comerciais e Custo dos Serviços Prestados (CSP) para empresas prestadoras de serviço.

Resultado Bruto: É o resultado da subtração da receita líquida pelos custos.

Despesas operacionais: São saídas de recursos da empresa que não estão diretamente relacionadas com a produção de bens e serviços. A depreciação, por ser considerada uma despesa especial, é separada das outras despesas.

Selling, General and Administrative Expenses (SG&A): São as despesas relacionadas aos esforços de vendas, salários administrativos, marketing, materiais de escritório, entre outros.

Depreciação: São despesas ou custos, dependendo da função do ativo, que não tem efeito de caixa, uma vez que representam a desvalorização de um ativo tangível, em função de desgastes ou diminuição da vida útil. É importante destacar que esses ativos apresentam uma parcela não depreciável, chamada valor residual, dado que o ativo não deixa de ter valor comercial ao fim de sua vida útil. Para calcular a depreciação anual do bem, deve-se subtrair o valor residual do custo de aquisição, de forma que sejam aplicadas as quotas anuais de depreciação apenas na parcela depreciável do bem.

Amortização: Representa a perda do valor de um ativo intangível ao longo do tempo. Funciona de maneira similar a depreciação.

Earnings Before Interests and Taxes (EBIT): O Lucro Antes de Juros e Impostos (LAJIR), em português, é um indicador de eficiência operacional da empresa, calculado a partir da subtração do Resultado Bruto pelas Despesas Operacionais.

Receitas / Despesas Financeiras: Os juros recebidos de aplicações financeiras são considerados Receitas Financeiras. Por outro lado, os juros pagos, decorrentes de empréstimos e financiamentos contraídos pela empresa, são considerados Despesas Financeiras.

Lucro Antes de IR / CSLL: É o resultado da subtração do EBIT pelas Despesas Financeiras e somado às Receitas Financeiras.

Lucro Líquido: Calculado a partir da subtração do Lucro Antes de IR e CSLL pelas contribuições de Imposto de Renda para Pessoa Jurídica (15% sobre o lucro apurado, com adicional de 10% sobre a parcela que exceder R$ 20.000,00 / Mês) e Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (A alíquota da CSLL é de 9% (nove por cento) para as pessoas jurídicas em geral, e de 15% (quinze por cento), no caso das pessoas jurídicas consideradas instituições financeiras, de seguros privados e de capitalização).

EBITDA

A sigla EBITDA remete a Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization. Em português, Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (LAJIDA). É um indicador financeiro da contabilidade gerencial, portanto, não é exigido que esteja presente na estrutura da DRE divulgada pelas empresas. Apesar disso, é um indicador amplamente utilizado para analisar empresas de capital aberto, uma vez que demonstra a perspectiva da geração de caixa operacional da empresa, ou seja, quanto a empresa gera em sua atividade fim, desconsiderando impostos e efeitos financeiros.

A importância desse conceito é justificada pelo seu potencial de analisar a eficiência e competitividade das empresas e pela sua aplicação nos principais modelos de Valuation de empresas. Segundo Damodaran (2002), o modelo de Fluxo de Caixa Descontado, metodologia utilizada para avaliar empresas, considera que o valor de uma firma é igual ao valor presente da soma de todos os fluxos de caixa futuros gerados por ela. Por outro lado, o modelo de Valuation Relativo considera que o preço da firma é derivado de como o mercado precifica empresas semelhantes, por meio da comparação de múltiplos, como o Valor da Empresa (EV) / EBITDA, que demonstra o valor da firma dado pelo mercado frente ao seu potencial de gerar caixa. Na prática, ambos podem ser utilizados por analistas como complementares, ao determinar o valor de uma firma.

Para calcular o EBITDA, deve-se somar ao Resultado Operacional (EBIT) os valores de depreciação e amortização incluídas nos custos e despesas da empresa, visto que esses gastos não tem efeito no caixa. Portanto, a equação do EBITDA é:

EBITDA = EBIT + Depreciação + Amortização

Análise vertical e horizontal

Para analisar a DRE de maneira eficiente e prática, utilizam-se técnicas especificas, que possibilitam a interpretação objetiva dos valores evidenciados no período. Nesse sentido, as técnicas de Análise Vertical e Horizontal, conceitos amplamente reconhecidos na área, foram desenvolvidas, a fim de possibilitar a interpretação das demonstrações de forma simples e objetiva.

A análise vertical objetiva, de acordo com Blatt (2001), determinar a representatividade percentual, de cada uma das contas apresentadas em relação ao seu total. Nesse sentido, no Balanço Patrimonial utiliza-se o Ativo Total como base, calculando a participação relativa de cada conta, enquanto que na Demonstração do Resultado do Exercício a base é o valor da Receita Operacional Líquida.

A partir da análise vertical da DRE, pode-se chegar aos índices de rentabilidade de margem, que buscam, por meio das demonstrações contábeis, informar a rentabilidade do negócio, ou seja, sua capacidade de gerar lucro. Para Silva (2005), faz-se necessária a comparação dos resultados obtidos com índices de empresas do mesmo setor, para avaliar se a performance da empresa analisada foi de fato satisfatória. Nesse sentido, denota-se a importância dos índices, uma vez que eles tornam possível comparar empresas de diferentes níveis de faturamento, complexidade e setores. Além disso, as margens possibilitam avaliar a qualidade dos resultados evidenciados.

As quatro principais margens utilizadas para avaliar empresas e suas características estão evidenciadas na tabela a seguir.

Araújo e Assaf Neto (2010), atribuem à análise horizontal o objetivo de demonstrar, de maneira dinâmica, a evolução dos resultados da empresa, nos anos que se propõe, mostrando suas tendências. Para Assaf Neto (1989), a comparação é indispensável, uma vez que as contas, quando tratadas isoladamente, não fornecem informações suficientes para analisar a importância dos valores evidenciados e os seus comportamentos históricos. A comparação é feita entre os valores de um período em comparação aos de períodos anteriores.

Para demonstrar a aplicação da análise vertical e horizontal, utilizou-se a DRE simplificada da empresa Localiza Hertz (RENT3), publicada no ano de 2019, conforme a tabela abaixo:

Fonte: Demonstração de resultados da Localiza Hertz. Elaboração própria.

A partir da análise Vertical e Horizontal é possível tirar conclusões sobre o desempenho da Localiza entre o período de 2016 e 2018. Por exemplo, pode-se observar que o Lucro Bruto da companhia, quando comparado com o ano imediatamente anterior, aumentou 29% e 21,9% nos anos de 2017 e 2018, respectivamente. Apesar disso, a Margem Bruta da empresa decaiu durante o mesmo período, demonstrando que os custos da Localiza aumentaram mais que a sua receita líquida nos últimos dois anos.

Quando se fala de análise fundamentalista de empresas, deve-se levar em consideração os fatores quantitativos, como os obtidos na análise vertical e horizontal, e os qualitativos, como estratégias e qualidade do serviço. Nesse sentido, após analisada a relação entre o crescimento da Receita líquida e dos custos da Localiza, no exemplo acima, é importante estudar as estratégias e ações que a levaram ao resultado evidenciado, para que seja possível avaliar a situação da empresa e, a partir disso, o valor que as estratégias adotadas trouxeram ou podem trazer para a companhia.

Após analisadas as estratégias e os resultados da Localiza, consideramos recomendável que fossem analisados os mesmos critérios dos principais players brasileiros e internacionais que atuam no setor, a fim de compreender se, quando comparada a seus pares, a empresa está em uma situação satisfatória e bem posicionada. Dessa forma, foram calculadas as margens brutas das empresas Movida e Unidas, principais concorrentes nacionais da Localiza, conforme a tabela abaixo:

Fonte: Demonstração de resultados da Localiza Hertz, Movida e Unidas. Elaboração própria.

Analisando a evolução das margens brutas dos principais competidores da Localiza no cenário brasileiro, no período em estudo, pode-se perceber que, apesar de ter enfrentado redução nos últimos dois anos, a empresa apresenta índices de rentabilidade aceitáveis para o setor. Além disso, é importante destacar que em agosto de 2017, a Localiza adquiriu as operações brasileiras da Hertz Corp, por meio de uma aliança estratégica entre as empresas, que resultou na marca combinada “Localiza Hertz”, o que pode justificar a redução de sua margem, uma vez que a empresa assumiu uma frota de 8.162 carros com a aquisição e, portanto, passa por um processo de adaptação de suas operações.

Conclusão

Como discorrido no texto, as demonstrações financeiras possibilitam a análise de empresas de maneira objetiva e eficiente, por meio de técnicas e ferramentas que tornam possível analisar os dados e informações coletados pela contabilidade, viabilizando a determinação da situação econômica e financeira da empresa. Portanto, o entendimento dos relatórios contábeis e dos fatores que justifiquem os valores evidenciados nas demonstrações são de grande importância para que o investidor possa alocar seu capital de maneira consciente.

Referências

BLATT, A. Análises de balanços – estrutura e avaliação das demonstrações financeiras e contábeis. São Paulo: Makron, 2001.

MARION, J. C. Contabilidade empresarial. 13a ed – 2a reimpr. São Paulo: Atlas, 2008.

ARAUJO, A. M. P. de; ASSAF NETO, A. Aprendendo Contabilidade. Ribeirão Preto SP: Inside Books, 2010.

ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1989.

SILVA, José Pereira da. Análise Financeira das Empresas. 7a ed. São Paulo: Atlas, 2005.

DAMODARAN, A., (2002), “Investment Valuation – Tools and Techniques for Determining the Value of Any Asset”. 2nd edition.

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