Igor Lodygensky, CEA

Presidente do Clube de Finanças
Presidente do Clube de Finanças
Ciclo de crédito americano: o que o futuro nos aguarda?

Ciclo de crédito americano: o que o futuro nos aguarda?

A economia americana já está há oito anos na fase de expansão de seu ciclo de crédito, que tende a durar de oito a dez anos, segundo afirma o gestor de hedge fund Ray Dalio. O ciclo de crédito acompanha a expansão e a contração do acesso ao crédito ao longo do tempo. Ele influencia o ciclo econômico como um todo: variações no acesso ao crédito afetam as habilidades dos agentes de financiar atividades de consumo e investimento.

Na fase de expansão, a injeção monetária na economia acarreta num aumento da oferta monetária por bens e serviços, estimulando a atividade econômica e o emprego. O fortalecimento econômico induz a um crescimento da confiança e, consequentemente de empréstimos bancários. A alavancagem cresce à medida que maiores taxas de crescimento induzem em mais endividamento das empresas. Os preços dos ativos – imóveis, ações, títulos – são positivamente pressionados pelo aumento da demanda daqueles agentes alavancados. Essa inflação no preço dos ativos pode desenvolver uma bolha de preços especulativa insustentável.

Desde a crise financeira global em 2007-08, políticas de Quantitative Easing foram implementadas nos Estados Unidos, Reino Unido e países da Zona do Euro. O Quantitative Easing é uma politica monetária onde um banco central cria quantidades significantes de dinheiro novo (geralmente eletronicamente) a fim de comprar títulos de dívida pública ou outros ativos financeiros para a estimular a atividade econômica, ou seja, aumentar os gastos do setor privado e levar a inflação a sua meta. Em conjunto com a compra de ativos, as autoridades monetárias destes países vêm buscando manter as taxas de juros em níveis próximos a zero.

Essa consequente injeção monetária na economia têm uma variedade de efeitos potenciais. Diretamente, a venda de ativos financeiros pode resultar num aumento das reservas bancárias. Com isso, os bancos comerciais disponibilizam de mais fundos para aumentar o crédito na economia. Este aumento do crédito e financiamento encoraja um aumento do consumo e do investimento.

Indiretamente, a compra dos ativos tende a aumentar seus preços e assim reduzir suas rentabilidades. Menores rentabilidades e juros reduzem o custo de capital para o financiamento de empresas e famílias. Isso, por sua vez, pode acarretar num aumento do consumo e do investimento. Alia-se a isso um aumento da riqueza proporcionado pelo aumento nos preços dos ativos que também incentiva um aumento do consume por bens e serviços.

Quando um banco necessita de liquidez, entrega ao banco central um ativo teoricamente livre de risco, que geralmente são títulos da dívida pública, e que funcionará como colateral. O Quantitative Easing consiste somente em ampliar o leque de ativos que podem ser entregues em troca de liquidez. Neste momento, embora o balanço do banco central sofra uma expansão, não há uma implicação de que os agregados monetários tenham se expandido também. Este incremento de liquidez será convertida em oferta de moeda apenas se aumentar a demanda por depósitos.

O Banco central aumenta a base monetária disponibilizando liquidez a médio prazo, mas a moeda só é efetivamente criada e chega à economia real quando os bancos cedem crédito, depositando esse dinheiro numa conta e assim expandindo a M2.

Como a ilustração 1 abaixo demonstra, só quando toda (ou uma parte substancial) da liquidez for efetivamente canalizada para a economia é que a oferta de massa monetária inflacionária (M2) expande, podendo aí gerar-se inflação.

Ilustração 1 – Quantitative Easing na Zona do Euro

No últimos anos, o  dinheiro não tem chegado integralmente à economia, fruto da consolidação das instituições financeiras. Os estímulos que tinham como objetivo final impulsionar o consumo e os investimentos resultaram no início de um novo processo de valorização dos ativos financeiros, que atingem níveis superiors ao de antes da crise de 2008 e podem indicar o começo de novas distorções. Neste ano, os níveis de empréstimos bancários e o índice S&P 500 atingiram recordes históricos. O gráfico 1 mostra a grande correlação do índice de ações americanas com o nível de empréstimos bancários americanos. As áreas em cinza representam os períodos de recessão americana.

Gráfico 1 – Empréstimos bancários mensais vs. S&P 500 mensal

A Economista e Professora da Universida de Harvard, Carmen M. Reinhart, autora do best seller “Desta vez é diferente: oito séculos de delírios financeiros”, elaborou um roteiro para o desenrolar das crises financeiras. Antes dos colapsos, os indicadores quantitativos antecedentes apontados pelo estudo são: (i) grandes fluxos de entrada de capital, (ii) forte alta nos preços dos ativos (sobretudo ações), (iii) altas pronunciadas nos preços de imóveis, (iv) trajetória de crescimento em forma de “V” invertido, (v) alta significativa no endividamento.

Além desses fatores quantificáveis, existem outros que são elencados como “amplificadores” da crise. Quais sejam: (i) políticas macroeconômicas procíclicas, (ii) dívidas ocultas (com garantias implícitas), (iii) moeda supervalorizada, (iv) regulação pobre, (v) supervisão ainda pior, (vi) fraudes e (vii) agências de classificação de risco “míopes”. Esses elementos são chamados de amplificadores, pois aumentam o período e a magnitude tanto das expansões quanto das recessões.

No momento, a atenção, novamente, está voltada para os EUA e para os riscos da política monetária expansionista até então estar gerando um processo de alto endividamento e bolhas nos preços de ativos. Após a crise do subprime e o fim da fase de retração do último ciclo de crédito em 2009, a taxa de juros administrada pelo Banco Central dos EUA (FED) permaneceu de dezembro de 2008 até novembro de 2015 no intervalo entre 0% e 0,25% ao ano. Nesse período, também foram empregadas medidas não convencionais de expansão monetária e o balanço do FED passou de US$894 bilhões para US$ 4,49 trilhões, entre o final de 2008 e o início de 2016.

Hoje, o mercado de trabalho americano está perto do pleno emprego com a taxa de desemprego em 4,7% e o produto cresce numa faixa de 2-3% ao ano. Desde novembro de 2011, início da segunda rodada de quantitative easing, o índice S&P 500 acumulou alta de 64,2% , enquanto os lucros antes dos impostos das empresas privadas cresceram apenas 1,2% em termos nominais. No mercado corporativo, a disponibilidade de recursos financeiros a baixo custo e a facilidade de se levantar recursos levaram a dívida do setor não financeiro a atingir 45% do PIB, valor  semelhante ao pré – crise.

Desde 2010, o setor corporativo americano obteve mais USD 7,8 trilhões em dívidas e outros passivos. O agravamento do endividamento das empresas pode ser evidenciado pela queda substancial no rácio de cobertura de serviços da dívida médio nos dois últimos anos, com lucros que não chegam a seis vezes o pagamento de juros. O rácio de cobertura é o número de vezes que o resultado operacional cobre os juros financeiros mais amortizações de capital a que a empresa está sujeita.

Gráfico 2 – Rácio de Cobertura Médio

(EBIT sobre pagamento de Juros)

Em 19 de abril deste ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou seu bianual Global Financial Stability Report no qual afirma: “Os fundamentos do crédito corporativo começaram a enfraquecer, criando condições que historicamente precederam retrações do ciclo de crédito.” O relatório também advertiu que a redução de impostos e a implementação de políticas de desregulamentação propostas pelo governo Trump podem acabar exacerbando fragilidades das empresas americanas. Um rápido aumento nos custos de empréstimos poderia ser uma das implicações da política fiscal expansionista de Donald Trump. Este cenário é perigoso quando têm-se um setor corporativo altamente endividado e muito vulnerável a aumentos das taxas de juros.

Na fase de expansão do ciclo de crédito, os gastos na economia crescem mais do que a produção de bens e serviços. Essa tendência acarreta numa pressão inflacionária, que é respondida pelas autoridades monetárias com uma política monetária contracionista. Uma redução na liquidez monetária e um encarecimento do crédito desaceleram a atividade econômica. A fase de retração então sucede a fase de expansão do ciclo de crédito. Quando o capital disponível dos agentes é reduzido, um declínio no preço dos ativos pode ocorrer nos mercados que haviam se beneficiado da expansão de crédito pela queda da demanda. Isto tende a causar insolvência e falência aos agentes recém chegados ao mercado. Em seguida, a solvência e lucratividade do sistema bancário é afetada, resultando numa contração generalizada do crédito. Assim, uma recessão ocorre em decorrência da contração da dívida do setor privado.

Hoje a inflação americana aproxima-se da meta de 2% ao ano. O Cômite de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed), respondeu a essa tendência aumentando as taxas de juros para o intervalo de 1,0% a 1,25% ao ano, em junho deste ano. Economistas esperam mais um aumento da taxa de juros ao longo do ano. Com isso, um possível aumento nos custos de crédito pode antecipar o fim da fase de expansão de crédito americana.

Por mais que muitos sinais indiquem que os Estados Unidos estão próximos do fim desse ciclo, é difícil afirmar de fato quando a fase de retração iniciará. O crescimento global continua lento, mas especialistas indicam que esse crescimento deve continuar. Como pode ser visto no gráfico 3, a economia americana cresce a níveis inferiores aqueles que precederam as outras crises, ou seja, a situação não é de sobreaquecimento, mas sim de moderação.

Gráfico 3 – Evolução do PIB Americano x Média

Historicamente, o Fed terminou de aumentar as taxas de juros muito antes do fim dos ciclos de crédito. As últimas duas recessões ocorreram de 9 a 18 meses depois do Fed completar o aumento das taxas. Atualmente, a política monetária do Fed é de normalizar as taxas que estavam em níveis muito baixos. A postura do Fed pode ser considerada dovish, uma vertente favorável à realização de políticas monetárias graduais e acomodatícias, tendendo a preferir proteger a atividade econômica a combater a inflação.

Hoje, os balanços de bancos estão muito mais fortes que no passado, em decorrência de reforço na regulamentação seguida a crise de 2008. Esse fortalecimento do setor bancário aliada a política monetária frouxa dos maiores bancos centrais ao redor do mundo viabilizam a continuidade do acesso ao crédito,.

O atual ciclo de crédito americano ainda não chegou ao fim e não se sabe quando a próxima fase iniciará. Ainda assim, é importante ter cautela e evitar os mercados americanos mais sensíveis a aumento de juros e taxas de incumprimento (default rates), como o mercado de high yield bonds americano.  Aliás, oscilações na economia americana impactam o mundo todo. É importante ficar de olho no que está acontecendo por lá.

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Valuation: Buscando o Valor Intrínseco de Empresas

Valuation: Buscando o Valor Intrínseco de Empresas

Você já pensou em como se avaliam ativos financeiros? Aliás, já refletiu em quanto você pagaria para receber mil reais daqui um ano?

Existem algumas coisas que devem ser levadas em consideração para avaliar esse fluxo de caixa futuro: (i) para você, mil reais hoje vale o mesmo que mil reais em um ano?; (ii) qual é o custo de oportunidade associado a deixar de utilizar seu dinheiro por um ano?; e (iii) qual é o risco de você não receber a quantia prometida?

Em finanças, o valor tempo do dinheiro (time value of money) é a ideia de que um dinheiro disponível no tempo presente vale mais do que a mesma quantia numa data futura. Não só as pessoas preferem consumir uma quantia hoje do que a mesma quantia no futuro, mas, além disso, este dinheiro poderia ser aplicado e receber juros. Isso nos traz à um princípio fundamental das finanças: todos preferem receber uma mesma quantia o quanto antes, e como consequência receber uma quantia hoje (Valor Presente), equivale a receber uma quantia maior amanhã (Valor Futuro).

Em matemática financeira, a fórmula que demonstra esta equivalência é a seguinte:

Assim, dada uma determinada quantia numa determinada data futura existe uma taxa de juros que iguala esse fluxo de caixa futuro a um valor hoje. Esta taxa de juros deve considerar o risco do não recebimento desse valor futuro e os custos de oportunidades associados à abdicação do uso dessa quantia de dinheiro até o fim do período avaliado.

Respondendo a pergunta inicial: se acreditamos que uma taxa de juros de 10% ao ano é adequada a situação, o valor daquela promessa de pagamento de R$1000 daqui um ano é de R$909,09 hoje.

Essa é a essência de avaliação de ativos financeiros: (i) estimar fluxos de caixa futuros; (ii) descontá-los a uma taxa que adequa-se aos riscos daqueles fluxos de caixa.

E como funciona a avaliação de empresas?

Valuation é o processo de determinar o valor atual de ativos ou empresas. Segundo Damodaran (2007), podemos classificar os modelos de avaliação de empresas em quatro categorias: fluxo de caixa descontado, avaliação patrimonial, avaliação relativa e avaliação por direitos contingentes.

O processo de avaliação de empresas pelo método do fluxo de caixa descontado não é muito diferente daquele utilizado para avaliar outros ativos. Em essência, estima-se fluxos de caixa futuros da empresa, utiliza-se uma taxa de desconto dado o risco dos fluxos de caixa e encontra-se um valor presente. Isso resulta na ideia de que o valor de uma empresa está diretamente relacionada a sua habilidade de gerar fluxos de caixas aos investidores.  

Método do Fluxo de Caixa Descontado (DCF)

O modelo DCF possui diferentes variações, porém a mais utilizadas é o DCF de Dois Estágios. Nesse valuation, os fluxo de caixa geralmente são projetados para cinco ou dez anos e depois um valor terminal é calculado para considerar todos os fluxos de caixa após esse período. Mais especificamente, a mensuração dos fluxos de caixa projetados deve ser realizada pela estimação dos Fluxos de Caixa Livre.

Fluxo de Caixa Livre (FCFF) é uma medida da capacidade financeira de uma empresa que demonstra o caixa líquido gerado pela empresa depois que despesas, impostos, variações na Necessidade de Capital de Giro e investimentos são deduzidos. Consequentemente, a medida representa o caixa disponível aos investidores depois que a companhia já arcou com todos os custos do negócio, investiu em seus ativos circulantes (como estoques) e investiu em seus ativos de longo prazo (como máquinas e equipamentos).  

O cálculo usual do Fluxo de Caixa Livre dá-se por:

FCFF = Lucro antes de Juros e Imposto de Renda x (1 – alíquota de IR) + depreciação – investimentos de longo prazo – variações na Necessidade de Capital de Giro

Após a projeção dos fluxos de caixa futuros da companhia, deve-se estimar uma taxa de desconto que leve em consideração os riscos do negócio. Mais especificamente, trata-se do custo de capital da companhia – o retorno mínimo exigido pelos financiadores de recursos (credores e acionistas). Dado um custo de capital, deconta-se todos os fluxo de caixa futuros e avalia-se a companhia inteira.

**Custo de Capital **

Numa empresa existem recursos dos acionistas e recursos de terceiros. Os recursos dos acionistas dizem respeito ao capital próprio aportado pelos empreendedores e acionistas. Já os recursos de terceiros dizem respeito ao capital provenientes de empréstimos e financiamentos (dívidas) obtidos junto a bancos, fornecedores e outros financiadores.

Ambas as fontes de financiamento possuem um custo. Tanto acionistas quanto credores exigem uma rentabilidade sobre o capital disponibilizado a empresa. O cálculo do custo de capital leva em consideração a estrutura de capital da empresa – a proporção entre capital próprio e o capital de terceiros de uma empresa.

O custo de capital de uma companhia pode ser encontrado através do cálculo do custo médio ponderado de capital (CMPC), que considera tanto o custo de capital próprio (Ke) e o custo da dívida da empresa (Kd). O valor dos pesos de mercado de cada um dos custos é aplicado na metodologia, de modo que encontremos, ao final, o custo de capital da companhia. A equação segue:

 

 

 

 

O custo de equity é estimado a partir do beta, enquanto o custo de endividamento é mensurado a partir do seu risco de default. O beta é um coeficiente que quantifica o risco não diversificável a que um ativo está sujeito, ou seja, o risco inerente a um segmento ou ao mercado como um todo, como, por exemplo, crises políticas, aumento nas taxas de juros e outros . O índice é determinado por meio de uma regressão linear entre a série de variações no preço do ativo e a série de variações no preço da carteira de mercado. A utilização do beta parte do pressuposto de que o investidor da empresa é diversificado e portanto só deve ser levado em consideração o risco que não pode ser diversificado.

Assim, a partir da mensuração do beta, obtemos na relação de risco x retorno a equação para o custo do capital próprio (Ke) da companhia:

 

O custo da dívida (Kd) normalmente é computado com base nos títulos de dívidas das empresas e nos juros pagos a seus credores.

Por fim, a proporção da dívida sobre o capital próprio normalmente é estimada com base no valor de mercado da dívida e de suas ações.

Valor Terminal

Após essa etapa, é preciso determinar o que acontece no final do período projetado, isto é, as premissas que levam ao valor que atribuímos ao negócio no final da metodologia: trata-se do Valor Terminal.

Em algum ponto do futuro, é preciso parar as estimações tanto para diminuir as incertezas, quanto para fins de praticidade. Assim, o Valor Terminal representa uma parte significante do valor de uma empresa, principalmente quando se trata de uma companhia pequena ou nova com fluxos de caixa negativos.

O Valor Terminal é comumente estimado utilizado pelo Modelo de Gordon, que utiliza a seguinte fórmula:

Neste caso, se parte da premissa de que a companhia manterá-se em operação para sempre e gerando FCFF a uma taxa de crescimento constante para sempre – a perpetuidade. Normalmente a perpetuidade é definida em um valor entre as taxas históricas de inflação e as taxas históricas de crescimento do PIB.

Valor da Empresa

Por fim, só nos resta calcular o valor presente de todos os fluxos de caixa e encontrar o valor da empresa. O valor presente da firma, seria portanto:

De volta a pergunta original, o conceito de metodologias de avaliação do valor intrínseco de empresas é muito semelhante aqueles utilizado para avaliar uma promessa de pagamento. Neste caso, entretanto, existe uma maior dificuldade em estimar de fato quais serão os fluxos de caixa futuros e uma taxa de desconto adequada a situação.

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Certificações do Mercado Financeiro

Certificações do Mercado Financeiro

Entenda qual certificação você precisa e qual destacará você como um profissional no mercado financeiro.

Existem diversas certificações destinadas à profissionais do mercado financeiro. Diferentes cargos exigem diferentes certificações. Além disso, sua obtenção pode representar um grande diferencial para um candidato à uma vaga de emprego ou até num estágio no ramo.

CPAs: Certificação Profissional ANBIMA

A CPA-10 e a CPA-20 estão entre as certificações mais populares da ANBIMA. A CPA-10 é destinado a profissionais que atuam na venda de produtos de investimento diretamente para o público, em agência bancárias ou plataformas de atendimento.

Essa é a certificação mais barata, custando cerca de R$290,00*, e com certeza a mais fácil de se obter da ANBIMA. Mais de 344.000 certificações CPA-10 já foram emitidas.

A diferença entre a CPA-10 e a CPA-20 é que a última é destinada à quem trabalha vendendo produtos no segmento varejo alta renda, private banking, corporate e de investidores institucionais. Já foram emitidas mais de 89.000 destas certificações e o valor do exame é de cerca de R$460,00*.

O conteúdo dos dois exames é muito semelhante, sendo a CPA-20 a mais abrangente, com foco em fundos e outros produtos oferecidos por bancos. Ambas exigem apenas um conhecimento superficial acerca de finanças, tornando fácil a preparação para a prova. Em contrapartida, são poucos os cargos acessíveis à esses profissionais.

CEA: Certificação de Especialista de Investimentos ANBIMA

A CEA certifica profissionais que assessoram os gerentes de contas de investidores pessoas físicas em investimentos, com poder para indicar produtos de investimento. Além de habilitar assessores de investimentos, a obtenção da CEA torna o profissional um investidor qualificado.

Existem cerca de 2.200 profissionais com essa certificação e ela custa por volta de R$771,00*. O conteúdo do exame inclui grande parte daquilo incluso na CPA-20 porém também cobra conhecimentos de matemática financeira, planos de previdência complementar, gestão de carteira, planejamento financeiro e os princípios do Código de Ética do IBCPF.

Semelhante à CPA-20, o exame não exige um conhecimento muito aprofundado acerca de produtos e investimentos financeiros.

CGA: Certificação de Gestores ANBIMA

A CGA certifica os profissionais que atuam na gestão de recursos de terceiros, com poder para tomar decisões de investimento. A atividade de gestão pode ser realizada por meio de veículos coletivos de investimento, como fundos e clubes de investimento, ou individualmente, via carteiras administradas.

A CGA é com certeza a certificação mais prestigiada e mais difícil da ANBIMA. Existem apenas 896 profissionais com esta certificação. O exame é realizado em dois módulos com o custo em torno de R$617,00* por módulo.

O primeiro módulo, abrange métodos quantitativos, economia, análise de balanços e teoria sobre os mercados de renda fixa, renda variável e derivativos. Também são abordadas questões de ética e legislação dos fundos brasileiros.

O segundo módulo tem um grau maior de subjetividade nas respostas. Nessa etapa, a maioria das matérias trata de teorias como gestão de carteiras de renda fixa, gestão de renda variável, teoria de carteiras, modelos de precificação e gestão de risco e desempenho.

O objetivo da prova é cobrar dos candidatos uma visão geral dos produtos, leis e teorias que envolvem o processo de tomada de decisões de investimentos. Enquanto as CPAs e a CEA são destinadas predominantemente à profissionais envolvidos com vendas de produtos de investimento, a CGA, por sua vez destina-se a certificar gestores de recursos.

Características comuns entre as certificações ANBIMA

Todas as quatro certificações da ANBIMA exigem um acerto mínimo de 70% das questões do exame para sua aprovação.

Não há nenhum pré-requisito para a obtenção das certificações.

Além disso, profissionais certificados com a CPA-20 podem realizar todos os cargos atribuídos àqueles com a CPA-10. E profissionais certificados com a CEA podem realizar todos os cargos atribuídos àqueles com a CPA-20.

As certificações são válidas por 5 anos para profissionais que seguem trabalhando no ramo e válidas por 3 anos para aqueles que não se encontram trabalhando no ramo no momento de vencimento da certificação.

CNPI: Programa de Certificação da Apimec

O certificado CNPI é exigido para os profissionais que irão exercer a atividade de Analista de Valores Mobiliários, conforme estabelecido na Instrução CVM nº 483/10.  

Essa certificação é destinadas a analistas de valores mobiliários atuantes nas seguintes áreas: Administração de Recursos; Consultoria; Análise e Pesquisa Financeira; Investment Banking; Finanças Corporativas; Administração de Riquezas; Relações com Investidores; Vendas e Operações nos Mercados Financeiros e de Capitais.

A certificação está dividida em três categorias: CNPI para o analista fundamentalista, CNPI-T para o analista técnico e CNPI-P para o analista pleno (fundamentalista e técnico).

Existem 3 diferentes tipos de exames, sendo que todas as certificações exigem a aprovação no exame Conteúdo Brasileiro (CB) que aborda assuntos de Sistema Financeiro Nacional, Conceitos Econômicos, Governança Corporativa, Mercados de Renda Fixa, Renda Variável, Derivativos, etc.

Para o profissional ser certificado com a CNPI, além da aprovação no CB ele deve ser aprovado no exame de Conteúdo Global 1 (CG1) que engloba análise de ações, finanças corporativas, relatório financeiros e contabilidade financeira.

Para o profissional ser certificado com a CNPI-T, além da aprovação no CB ele deve ser aprovado no exame de Conteúdo Técnico 1 (CT1) que engloba fundamentos da análise técnica; Teoria de Dow, Conceito de Tendência, Figuras Gráficas, entre outros.

Por sua vez, a obtenção do CNPI-P exige que o profissional seja aprovado nos três exames: CB, CG1 e CT1.

O exame CB custa cerca de R$520,00* e tanto o CG1 como o CT1 custa cerca de R$695,00*. Hoje, existem cerca de 1630 profissionais certificados pela Apimec (somando as três diferentes certificações).

O único requisito das certificações CNPI é a conclusão do ensino superior. Ainda assim, é possível realizar os exames antes da conclusão do curso superior, já que a comprovação do curso superior em qualquer área somente será exigida no momento da solicitação do CNPI.

CFP: Certified Financial Planner

O CFP é destinado a profissionais que atuam em atividades relacionadas em planejamento financeiro pessoal, private banking e gerentes de relacionamento que auxiliam os clientes de alta renda.

O exame de certificação está dividido em 6 módulos: Planejamento Financeiro e Ética, Gestão de Ativos e Investimentos, Planejamento de Aposentadoria, Gestão de Riscos e Seguros, Planejamento Fiscal e Planejamento Sucessório. A taxa de inscrição do exame completo (todos os módulos) é de cerca de R$ 1160,00*.

A Certificação CFP é uma certificação internacional, mas o exame realizado no Brasil é adaptado ao padrões brasileiros. Atualmente existem 2.944 planejadores financeiros certificados no Brasil, enquanto no mundo, o total se aproxima dos 160.000.

A aprovação no Exame é apenas a primeira etapa que o profissional terá que passar para obter sua certificação CFP. Existem certos requisitos que devem ser cumpridos. Após a aprovação em todos os módulos, o profissional deverá comprovar: formação acadêmica e no mínimo, 3 anos de experiência profissional no relacionamento direto com clientes pessoas físicas. Além disso, ele deve realizar sua associação à Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar).

A manutenção da certificação exige que a cada 2 anos o profissional comprove sua educação continuada através de cursos e atividades registrados junto à Planejar, seminários, publicação de artigos e papers, ensinamento de aulas e palestras e participação de outras atividades.

CFA: Chartered Financial Analyst

O CFA é uma das certificações mais prestigiadas do mundo, destinado a analistas e gestores de investimentos. É uma designação equivalente a um título de pós-graduação não acadêmico na área financeira.

O programa está dividido em três níveis: Nível I = conhecimento e compreensão dos conceitos e ferramentas básicas de análise de investimentos. Nível II = aplicação e análise voltados para avaliação de ativos, com foco em contabilidade. Nível III = gestão de ativos e gestão de carteiras.

Todas as provas são em inglês e o Nível III possui questões discursiva. Também é exigido os padrões de contabilidade estadunidenses, como o U.S. GAAP e o IFRS.

Pela complexidade dos conteúdos, é uma certificação que exige meses de estudo por cada nível.

O custo do exame é de cerca de US$ 930* por nível. Hoje, existem cerca de 900 profissionais certificados no Brasil e cerca de 135.000 charterholders ao redor do mundo.

Para inscrever-se nos exames é necessário ter um diploma de bacharelado, ou estar no ano final do bacharelado no momento da inscrição, ou ter 4 anos de experiência profissional, **ou **ter uma combinação de experiência profissional e graduação que somem pelo menos 4 anos.

Um profissional só se torna um charterholder se, além obter a aprovação nos três níveis de exames, ele possuir quatro anos de experiência profissional, especificamente em decisões de investimento, podendo ter sido antes, durante ou após a aprovação.

A certificação CFA é uma garantia de que o profissional realmente tem amplo conhecimento sobre o mercado financeiro, além de ser comprometido com a atuação ética e transparente, de acordo com as diretrizes do CFA Institute.

 

Valores de fevereiro de 2017.*

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