crise hídrica

Carta de conjuntura Macro – junho

Carta de conjuntura Macro – junho

O mês de Junho foi marcado principalmente pelas reuniões do FOMC e do Copom sobre a decisão nas taxas de juros, decisões as quais estão sendo acompanhadas de perto em virtude das preocupações com a inflação. Já na última semana do mês, o mercado apresentou bastante volatilidade devido a reforma tributária junto com a possibilidade de tributação dos dividendos e a continuidade no inquérito da CPI da Covid no cenário político.


Além disso, comentaremos sobre os resultados divulgados sobre os empregos nos EUA, o mercado de criptomoedas e também o resultado da inflação no último mês puxado pela crise hídrica que pode encarecer ainda mais a conta de luz dos brasileiros.


Criptomoedas

Neste mês de Junho, o mercado de criptoativos voltou a se animar após meses em queda através da aprovação do Bitcoin como moeda oficial em El Salvador. No dia 24, o país oficializou através de uma nova lei, o uso do Bitcoin como moeda de troca do país junto atualmente com o dólar, sendo o primeiro país no mundo a tomar esta atitude. Isso acabou despertando os olhares de muitos investidores de criptomedas e fez o Bitcoin se valorizar em aproximadamente 10% depois da notícia, além de criar uma oportunidade ainda maior para utilização da moeda mundialmente.


Por trás desta atitude de El Salvador, existe um lado muito importante economicamente. Entre 15% a 20% do PIB de El Salvador é composto por remessas estrangeiras, logo com a oficialização do Bitcoin facilitará ainda mais a entrada de dinheiro para o país e assim aumentar a arrecadação do governo, além de abrir oportunidades para mineradores e empresas de criptoativos se instalarem. O incentivo será ainda maior já que a população irá receber US$ 30 ao utilizarem a carteira digital de criptomoedas oficial, “Chivo”.


Cenário Internacional

Nos Estados Unidos foram criadas 850 mil vagas de emprego no mês de junho, um aumento considerável em relação às 583 mil geradas em maio. Assim, o país chega ao recorde de mais de 8 milhões de vagas em aberto. Mesmo assim, a taxa de desemprego subiu de 5,8% para 5,9% nestes meses. O fechamento das escolas e creches, que aumenta o número (principalmente) de mulheres em casa, bem como os auxílios do governo Biden, e as altas recordes de ações que resultaram em um crescimento nas aposentadorias precoces, são os principais fatores para a falta da alocação de mão de obra nas vagas existentes. É previsto que este cenário se normalize até o final do ano, com a contínua vacinação da população, consequente reabertura das escolas e diminuição dos auxílios.

Os membros do FOMC se reuniram nos dias 15 e 16 de junho, e foi anunciada a manutenção das taxas de juros entre 0% e 0,25%, através de decisão unânime. Também foi mantida a decisão de compra de ativos em US$ 120 bilhões, sendo pelo menos US$ 80 bilhões por mês em Treasuries e US$ 40 bilhões por mês em MBS. Essas decisões buscam dar suporte ao cenário americano na pandemia, enquanto não há maiores progressos em direção à melhoria da taxa de desemprego e estabilidade de preços. 

Apesar disso, ficou clara a preparação para a redução gradual de compra de ativos,  já que a alta liquidez do mercado imobiliário nos Estados Unidos está gerando pressão por valorização, e isso faz com que seja necessário ajustar o volume e a composição dos ativos comprados, principalmente no caso das MBS. Em relação ao futuro, o FED espera que as taxas de juros voltem a aumentar no cenário pós pandemia, a partir de 2023. Além disso, também é esperado que a inflação fique acima de 2% por um período no médio prazo, para que se enquadre na meta de 2% no longo prazo.

No início do mês o mundo foi surpreendido pela decisão inédita do G7 a respeito da criação de uma alíquota tributária mínima global. O objetivo com a mudança, de acordo com o anúncio, é a nivelação da carga tributária ao redor do globo, sendo a alíquota pretendida de pelo menos 15%, e aplicável às multinacionais. O G7 acredita que a receita gerada com o aumento, possibilitará investimentos governamentais em melhoria da qualidade de vida da população nos locais com menor carga tributária. 

Por outro lado, uma das principais formas de atração de investidores por países menores e economias emergentes é através da concorrência tributária. O aumento poderia significar evasão de grandes empresas, como acontece no Brasil, diminuindo os empregos gerados pelas multinacionais e o acesso da população a produtos e tecnologia importada. Economistas acreditam que a medida beneficiará majoritariamente países consolidados, pois o aumento da receita proveniente de impostos depende de posturas do governo para se transformar em melhorias para a população, enquanto que o ponto negativo de perda de investimento externo é certo.

Coronavírus


O ritmo de vacinação vem aumentando rapidamente ao redor do mundo, o que vem facilitando a diminuição no número de casos e uma abertura econômica principalmente nos países mais desenvolvidos. 


Os Estados Unidos iniciaram um forte início de vacinação entre Março e Abril, enquanto os países da União Europeia tiveram um aumento na taxa de vacinação só recentemente. Entre as principais nações desenvolvidas, as que tiveram maior destaque em relação à vacinação até agora foram o Reino Unido, Portugal e a Alemanha. 

Fonte: Our World in Data.


A Europa e os Estados Unidos alcançaram o menor patamar nas últimas 10 semanas no registro de novos casos e mortes decorrentes de coronavírus, devido à forte aceleração na aplicação de vacinas. Por causa dessas quedas, houve um afrouxamento nas políticas de isolamento o que possibilitou a volta de festas e eventos esportivos, sendo um dos principais a Eurocopa.


Entretanto, na última semana, a variante indiana delta vem preocupando muitos países com a possibilidade de uma terceira onda. O Reino Unido, por exemplo, viu o número de casos voltar a aumentar fortemente, quatro vezes no último mês aproximadamente, além de outros países como Portugal, o qual teve impor restrições a turistas ingleses para diminuir o número de novos casos. Com as finais e semifinais da Eurocopa em Wembley e a ascensão da COVID-19 no Reino Unido através da nova variante, a pressão sobre uma possível volta para o fechamento econômico ficou ainda maior.


Já no Brasil, após uma forte segunda onda entre fevereiro e março, o ritmo de vacinação no país surpreendeu muitas projeções feitas inicialmente. Como comentado na carta de maio, o aumento no número de doses em estoques poderia resultar em uma aceleração na vacinação no próximo mês, o que realmente acabou acontecendo. O país conseguiu aplicar 1 milhão de doses diárias em 22 ocasiões entre junho e julho. Assim, o país chegou a marca de 13% da população imunizada totalmente e 38% com uma dose pelo menos. 


Os principais motivos para esse ritmo, além do aumento no número de doses, foi a melhor distribuição do governo federal aos estados, diminuindo os estoques de doses paradas, e a antecipação de vacinação de diversas faixas etárias.


Cenário Nacional

A forte aceleração da vacinação no Brasil, trouxe perspectivas positivas para a retomada econômica, mas as irregularidades na compra da vacina Covaxin por parte do governo Bolsonaro, trouxe novamente instabilidade para o país. A CPI da Covid já vinha analisando irregularidades na gestão do governo como a falta de oxigênio em Manaus e nas últimas semanas a investigação foi mais a fundo ao analisar um suposto superfaturamento na compra das doses no valor de US $15,00, quatro vezes maior que a vacina da  AstraZeneca.


Diante disso, a CPI vem buscando esclarecimentos ao Ministério da Saúde para analisar as negociações feitas pela compra da Covaxin e verificar se houve alguma fraude. Por causa disso, a Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu inquérito para saber se o presidente Bolsonaro cometeu prevaricação, ou seja, negligenciou o suposto superfaturamento das doses indianas.


Reforma Tributária


No dia 26 de junho de 2021, o Ministério da Economia enviou ao Congresso Nacional a proposta contendo a Segunda Fase da Reforma Tributária, que diz respeito às mudanças no sistema de Imposto de Renda para Pessoas Físicas, Jurídicas e Investimentos Financeiros. Vale a pena relembrar que a Primeira Fase da reforma já foi apresentada no ano de 2020 e continha a proposta de unificação do PIS/Pasep e Cofins, assim como, a criação da Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços, chamada de CBS.


A Segunda Fase propõe mudanças em quatro frentes tributárias. A primeira consiste na reforma do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF), na qual o governo se compromete a atualizar a tabela de isenção do imposto. A população isenta do IRPF atualmente concentra-se na faixa de ganhos de até R$1.903,98 e consiste em um total de 10,7 milhões de pessoas. Com a proposta, a faixa de isenção subiria para ganhos de até R$2.500,00 contemplando cerca de 16,3 milhões de pessoas. O valor teto da tabela, para aqueles cuja a alíquota é de 27,5%, também será alterado passando de rendimentos acima de R$4.664,68 para rendimentos acima de R$5.300,01, como pode ser visto abaixo.


Fonte: Ministério da Economia.


Em relação ao desconto simplificado, mecanismo utilizado para facilitar o preenchimento da declaração de imposto de renda, propõe-se que fique restrito aos indivíduos que recebem até R$40 mil por ano. Outro ponto da proposta dentro do IRPF é a atualização do valor dos imóveis, que atualmente ocorre da seguinte forma: o imóvel é declarado em seu valor original, e ao se efetuar a venda do mesmo, o proprietário paga entre 15% e 22,5% sobre o ganho de capital. Na proposta de reforma, será permitido atualizar o valor patrimonial do imóvel na declaração de IR, sendo assim, incidirá uma alíquota de apenas 5% sobre a diferença do valor original do imóvel e o valor atual de mercado. A partir disso, as vendas adiante usarão como valor base do imóvel aquele que foi atualizado pelo proprietário anterior. A alíquota para envio de remessas de dinheiro de indivíduos aos paraísos fiscais passará a ser de 30%.


Entretanto, os pontos mais polêmicos da proposta de reforma estão relacionados ao IRPJ, são eles: a taxação de dividendos e a eliminação dos Juros sobre Capital Próprio (JCP), que afetam tanto as empresas como os indivíduos. No primeiro caso, a equipe econômica do governo pretende taxar os dividendos, atualmente isentos de IR, em 20% diretamente na fonte sem isenção entre os tipos de investidores. A proposta não se estenderá às micro e pequenas empresas com distribuição de proventos mensais de até R$20 mil. Remessas enviadas ao exterior também entrarão nesse quesito.


Vale ressaltar que a taxação de dividendos desestimula as empresas a repassarem os lucros aos acionistas, favorecendo a sua retenção e reinvestimento. Fator que pode desfavorecer empresas de baixo crescimento, como as do setor elétrico, e favorecer empresas de crescimento rápido e que não possuem distribuição de proventos, que também serão beneficiados pela redução do IRPJ, como será descrito adiante. A proposta também prevê a extinção dos JCP, instrumento estritamente brasileiro que possibilita às empresas a dedução dessa distribuição aos acionistas como despesa e, consequentemente, acaba por reduzir o lucro tributável, possibilitando a diminuição da alíquota efetiva de tributação de 34% para até 22% em alguns casos, o que não ocorre com os dividendos que são pagos com base no Lucro Líquido e não entram como despesas.


A segunda frente da proposta consiste na reforma do IRPJ, na qual ocorrerá uma redução progressiva na alíquota que atualmente se encontra em 15%, passando para 12,5% em 2022 e para 10% a partir de 2023. Além disso, o adicional de mais 10% para as grandes empresas permanecerá. Para pagamentos ou gratificações em ações destinadas a dirigentes e sócios também haverão mudanças, esses valores não poderão ser deduzidos como despesas operacionais.


Já a terceira frente de mudanças diz respeito ao IR de investimentos. Será extinto o escalonamento com base no prazo das aplicações em fundos de investimentos de Renda Fixa, que atualmente é de 22,5% para aplicações de até 180 dias e 15% para aplicações com prazo acima de 2 anos, passando a ser unificada em 15%. Os ativos de renda fixa como o Tesouro Direto e o CDB passarão a ter alíquota fixa em 15%, assim como, fundos multimercados.


Será extinto o “come-cotas” do mês de maio, sendo cobrado de forma integral no mês de novembro. O “come-cotas” é um imposto de renda que incide sobre os fundos, em especial de renda fixa, recolhidos de forma semestral (maio e novembro) com base nos rendimentos, nos fundos de curto prazo a alíquota é de 20% e nos de longo prazo é de 15%. Para fundos de ações e clubes de investimentos o “come-cotas” será mantido como está. Propõe-se uma unificação em 15% para todas as alíquotas dos diversos tipos de investimentos, no modelo atual a alíquota de 20% incide sobre Day Trade e FIIs e a alíquota de 15% incide sobre ações. Em relação aos Fundos de Investimento Imobiliário incidirá uma alíquota de 15% sobre os proventos pagos mensalmente a partir de 2022, entretanto, os impostos sobre lucros com as vendas das cotas cairá de 20% para 15%. A proposta também abrange investimentos no exterior, onde será extinta a isenção para as vendas de ações no valor de até R$35 mil.


A proposta da Segunda Fase da reforma não agradou a população em geral e nem o Congresso Nacional, segundo o próprio relator, deputado Celso Sabino (PSDB-PA), há estudos para tentar tornar progressiva a taxa de distribuição de lucros e dividendos das empresas, como uma tabela por faixas nos moldes do IRPF. Afirmou também, que ainda há na reforma “gordurinhas” a serem queimadas. Segundo Luiz Gustavo Bichara, advogado tributarista em Bichara Advogados, com a aprovação do texto original da reforma os rentistas serão tributados em 15%, os assalariados em 27,5% e os empreendedores em cerca de 49%, no pior cenário o imposto incidente sobre as empresas seria dividido da seguinte forma: 20% de IRPJ + 9% de CSLL + 20% sobre dividendos. Vale ressaltar o entendimento do STF, que uma tributação de 50% caracteriza confisco, o que é estritamente proibido pela Constituição brasileira.


Nesse quesito cabe um adendo, o cenário no qual a tributação total poderia alcançar 49% ocorreria caso as empresas viessem a distribuir 100% dos lucros em forma de dividendos. Como a maioria das empresas não possui essa política, o Valor Econômico fez simulações (demonstradas abaixo) na qual considera uma taxa de pagamento de dividendos de 25%. Sendo assim, em 2022 a carga tributária total alcançaria ~35% e em 2023 cerca de ~33%. Ficando abaixo do que se pratica atualmente nos Estados Unidos, onde a alíquota total para empresas é de 41%.



Fonte: Valor Econômico


Com a aprovação da reforma, o Ministério da Economia estima que haverá um aumento de arrecadação em R$32,2 Bi em 2022, R$55,04 Bi em 2023 e R$58,2 Bi em 2024. Por outro lado, há estimativas de perdas de receitas de R$32,02 Bi em 2022, de R$54,71 Bi em 2023 e R$57,61 Bi em 2024 devido aos ajustes nas alíquotas do IR.


Crise hídrica e pressão inflacionária 

A crise hídrica é um assunto que vem ganhando espaço no cenário nacional, alguns dos principais reservatórios para a produção energética do país, localizados no Centro-Oeste e no Sudeste, estão nos menores níveis em 22 anos.


Marcelo Seluchi, meteorologista do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), explica sobre esse recorde de escassez. Ele afirma que o nível de chuvas vem diminuindo ano após ano de forma generalizada no Brasil, e que outro grande problema que contribui para o baixo nível nos reservatórios é a falta de chuva, especificamente nas bacias dos rios, diminuindo a evasão dos mesmos e por consequência o nível dos reservatórios.


Com o baixo nível dos reservatórios, faz-se necessário a busca por produção de energia via outras fontes, dada a dependência da matriz energética brasileira para com as hidrelétricas. Nesse sentido, no curto prazo, é muito usada as usinas termelétricas para suprir a demanda de energia no país. 


Porém, o Ministério de Minas e Energia estima que, este ano, o acionamento de termelétricas resultará em um custo de R$ 9 bilhões ao consumidor, que deverá ser repassado gradativamente aos consumidores ao longo de 2021 e 2022. 


Assim, com a diminuição dos reservatórios das usinas hidrelétricas, e dada a forte dependência dessa fonte na matriz energética, há fortes pressões inflacionárias dado os aumentos de custo para a produção de energia, com a grande maioria dos locais com a bandeira vermelha acionada e reajustes de preço que chegam na ordem dos 100%.


Mudanças no comportamento do Bacen.

Como já sinalizado, o Copom decidiu por unanimidade, elevar a taxa de juros para 4,25% a.a, um aumento de 0,75 p.p. Essa é a terceira alta consecutiva da taxa de juros, retornando ao patamar pré-pandemia. 


O cenário de alta dos juros visa ancorar as expectativas dos agentes econômicos com relação à inflação de 2022, que dá sinais de piora. Os preços internacionais das commodities, o câmbio desvalorizado, a escassez de insumos na cadeia produtiva e o aumento do preço da energia, têm pressionado a inflação.


No acumulado de 12 meses, o IPCA (8,06%) já superou o teto da meta estipulado pelo governo, de 5,25%. Apesar dos dados recentes, o BC manteve o aumento de 0,75 p.p, mas com ajustes em sua comunicação. A mudança de tom do Banco Central veio com a retirada da “normalização parcial da taxa de juros” e indica um movimento mais rápido à taxa neutra, visando cumprir a meta de inflação de 2022: “Neste momento, o cenário básico do Copom indica ser apropriada a normalização da taxa de juros para patamar considerado neutro. Esse ajuste é necessário para mitigar a disseminação dos atuais choques temporários sobre a inflação.”


Em nota, o Copom afirmou que a persistência inflacionária e dados de atividade melhores do que o esperado, além de uma lenta normalização da oferta e aumento da conta de luz, devem pressionar inflação no curto prazo: “A persistência da pressão inflacionária revela-se maior que o esperado, sobretudo entre os bens industriais. Adicionalmente, a lentidão da normalização nas condições de oferta, a resiliência da demanda e implicações da deterioração do cenário hídrico sobre as tarifas de energia elétrica contribuem para manter a inflação elevada no curto prazo, a despeito da recente apreciação do Real.”


Além disso, o Copom ressalta que em seu cenário básico para a inflação permanecem fatores de risco em ambas as direções. De um lado, a recente valorização cambial pode diminuir a pressão sobre a inflação. Por outro, o prolongamento de estímulos fiscais que melhorem a atividade, mas ao mesmo tempo, aumentam o risco fiscal, podem ser fatores que elevem a inflação no curto e médio prazo. 


Nessa perspectiva, em busca de não perder o controle sobre os preços no médio e longo prazo e a sua credibilidade, que tornaria a política monetária menos efetiva, o Banco Central decidiu elevar a taxa de juros básica da economia para 4,25% a.a, e já indicou implicitamente um novo aumento de magnitude semelhante no próximo encontro. 


Assim, o cenário básico do Copom prevê uma inflação em torno de 5,8% para 2021 e 3,5% para 2022. Esse cenário supõe uma trajetória de juros que se eleva para 6,25% a.a. neste ano e para 6,50% a.a. em 2022.

Posted by Ricardo Pering dos Santos in Conjuntura Macro / Renda Fixa, 0 comments
Carta de conjuntura Macro – maio

Carta de conjuntura Macro – maio

Criptomoedas

A volatilidade, sempre comum diante das criptomoedas, foi ainda mais forte durante este mês de maio. A moeda mais comercializada, o bitcoin, teve uma rentabilidade negativa de aproximadamente 50% no período, sendo um dos piores meses desde o seu surgimento, e influenciou a queda de outros ativos digitais como ETFs (HASH11), Etherium e outras criptomoedas.

O primeiro motivo para a volatilidade neste mês veio após um tweet de Elon Musk, surpreendendo o mercado ao suspender a compra de seus veículos por meio do Bitcoin. Segundo o CEO da Tesla, essa decisão foi tomada pela preocupação com o uso crescente de combustíveis fósseis para mineração de bitcoins, aumentando as emissões de gás carbônico na atmosfera. Além disso, Musk citou “A criptomoeda é uma boa ideia em muitos níveis e acreditamos que ela tem um futuro promissor, mas isso não pode ter um grande custo para o meio ambiente” e comentou também que repensaria essa decisão caso a mineração fizesse a transição para uma energia mais sustentável.

Já a segunda causa para a queda dos cripto ativos veio da repressão do governo chinês na mineração e comercialização do Bitcoin. A China vem buscando formas de limitar a circulação da moeda há um bom tempo, por exemplo em 2017 baniu ofertas iniciais de criptomoedas com o objetivo de proteger investidores e coibir riscos financeiros. Já em Maio deste ano, o governo chinês proibiu instituições e companhias financeiras de prover serviços de criptomoedas, como troca e vendas, além de pagamentos por meio destas moedas.

A China busca criar a sua própria moeda digital, o DCEP, sendo emitido pelo Banco do Povo da China (PBoC), o qual pode ser um dos fatores para a restrição das criptos dentro do país. Outros países também buscam criar sua própria moeda digital, inclusive o Brasil onde o Bacen já estuda a possibilidade para criação deste novo meio de pagamento.

Inflação Americana

A inflação estadunidense vem demonstrando aumentos consideráveis desde o início da pandemia de Covid-19, tendo disparado no mês de abril de 2021. O Consumer Price Index (CPI) que consiste de uma cesta de produtos da economia americana, parecido com o IPCA utilizado no Brasil, alcançou o maior patamar desde 2008 para o acumulado dos últimos 12 meses, cerca de 4,15%. Já a variação mensal do mesmo índice totalizou 0,8%, a maior elevação desde 2009, enquanto o consenso de mercado era 0,2%.

CPI 12-month percent change, Apr 2021

Fonte: U.S. Bureau of Labor Statistics; Elaboração própria.

CPI for all urban consumers: all items in U.S. city average

Fonte: U.S. Bureau of Labor Statistics; Elaboração própria

Ao analisar o Core CPI, índice sem o impacto dos preços de energia e alimentação, é possível observar um aumento de 2,96% no acumulado dos últimos 12 meses, maior patamar desde 2006, já na variação mês a mês do índice foi de 0,91%, maior patamar encontrado desde setembro de 1981. Esses dados expressam uma variação maior na perda de valor do dinheiro (Dólar), podendo ser uma consequência direta de fatores estruturais (ESG e aumento dos preços de energia, desglobalização e protecionismo) e conjunturais (pandemia, liquidez, déficit fiscal, choque de oferta das commodities) do cenário atual da economia americana e global, assim como, um reflexo das rodadas de QE.

Core CPI 12-month percent change, Apr 2021

Fonte: U.S. Bureau of Labor Statistics; Elaboração própria.

Como as medidas tomadas em 2020 de elevação de liquidez monetária feitas pelo FED e pelo Tesouro acabaram chegando à economia real e não ficaram represadas nos balanços dos bancos como ocorreu na crise financeira de 2008 é possível perceber o enorme aumento da Base Monetária que alcançou US$5.4 Trilhões no mês de fevereiro de 2021, uma elevação de 57,7% em relação aos últimos 12 meses.

Monetary Base

Fonte: Board of Governors of the Federal Reserve System (US); Elaboração própria.

Já em relação ao agregado monetário M2 que demonstra o total de dinheiro que está circulando na economia, chegou ao valor de US$20 Trilhões no final de 2020. Já em relação ao déficit do Tesouro, vale citar a acentuada elevação nos últimos anos, que saiu de -US$215 Bi no começo de 2018 para -US$864 Bi em junho de 2020 e -US$659 Bi em março de 2021. Fatores que demonstram a grande preocupação com a inflação americana que pode se acentuar ainda mais com a continuação dos projetos de estímulos do governo Biden.

M2 Growth (US$ Bi)

Fonte:  Board of Governors of the Federal Reserve System (US); Elaboração própria.

Fiscal Deficit (Treasury)

Fonte: U.S. Department of the Treasury (Fiscal Service); Elaboração própria.

Desemprego – dificuldade de contratação de mão de obra por parte das empresas

As expectativas do mercado em relação a criação de empregos no mês de abril estava acima de 1 milhão de contratações. Entretanto, o relatório de criação de empregos, payroll report, demonstrou a criação de apenas 266 mil. Já o consenso de mercado em relação à taxa de desemprego era de 5,8%, porém, o que se apresentou no mês foi um aumento da taxa de desemprego, alcançando cerca de 6,1%.

Job Creation

Fonte: U.S. Bureau of Labor Statistics; Elaboração própria.

Outro índice que reflete a situação do mercado de trabalho é o civilian labor force level, ou seja, a quantidade de pessoas que estão no mercado de trabalho (trabalhando ou buscando por emprego). No início de 2020 o valor era de 165 Mi de pessoas e no mês de abril de 2021 o valor é de 160,9 Mi de pessoas.

Civilian Labor Force (Millions)

Fonte: U.S. Bureau of Labor Statistics; Elaboração própria.

Porém, esse índice não reflete as pessoas que possuem condições de trabalhar, mas que não estão procurando emprego. Esse fato pode ser observado pela expressiva queda na taxa de participação da força de trabalho no início da pandemia e que até o momento não demonstrou grande recuperação. Esse índice está nos mesmos patamares de 1976. A consequência disso pode ser vista na economia real, onde está havendo muita dificuldade de contratação por parte das empresas, no estado da Flórida o McDonald ‘s está  oferecendo US$50 para que pessoas compareçam às entrevistas de emprego. Muitos economistas vêm atribuindo esse paradoxo ao programa de renda básica de Joe Biden, o que desestimula as pessoas a trabalharem, segundo eles.

Labor Force Participation Rate (%)

Fonte: U.S. Bureau of Labor Statistics; Elaboração própria.

No gráfico abaixo é possível perceber o aumento acentuado da renda dos trabalhadores no mês de abril de 2020 com o primeiro auxílio, assim como em março de 2021 com mais um auxílio do governo.

Personal Income of Workers (US$ Bi)

Fonte: U.S. Bureau of Economics Analysis; Elaboração Própria.

Aumento no preço dos imóveis

Os preços das moradias norte-americanas não expressavam um aumento tão acentuado desde o final de 2005. O índice da S&P de valorização das propriedades apresentou uma elevação de 13,2% em março deste ano se comparado a 2020. 

Em 20 cidades do país os preços das moradias ultrapassaram 13,3% de aumento, o maior patamar alcançado desde dezembro de 2013. Na cidade de Kingston no estado de Nova York, a elevação alcançou 36% em relação ao mesmo período do ano anterior. Isso se deve a maior procura por casas com taxas de hipoteca menores, assim como, as rodadas de QE e massivas compras de mortgage-backed securities pelo governo. 

Fonte: S&P Dow Jones Indices; Elaboração própria.

Quantitative Easing

Outro tópico bastante discutido devido ao aumento da inflação americana no mês de maio é a possível redução do Quantitative Easing do governo americano. O vice-presidente do FED, Richard Clarida, comentou que pode haver  algum momento nas próximas reuniões em que se discuta a diminuição na compra de ativos, porém ressaltou que dependerá dos próximos dados divulgados, o qual buscam mais progresso substancial no emprego e na estabilidade de preços. Já o presidente distrital do FED na Filadélfia, Patrick Harker, posicionou mais fortemente em relação a esta discussão ao defender que é necessário a redução do Quantitative Easing “antes cedo do que tarde” e citou como exemplo, a escalada de custos no mercado imobiliário residencial. 

A inflação não só preocupa nos Estados Unidos, como também em outros países da Europa. No último mês, o CPI (índice de preço ao consumidor) alemão subiu 0,5%, antes de uma previsão de 0,3%, sendo acima das expectativas o que gerou um sinal de alerta para muitos. Com isso, aumenta a pressão do Banco Central Europeu para discutir uma redução do Quantitative Easing, porém alguns membros do BCE ainda enxergam um aumento no atual momento como prematuro

Índia 

Após o Brasil ser o epicentro do COVID-19 no mundo, a Índia tomou este posto no final de abril ao ver o crescimento no número de casos, chegando a preocupante marca de 400 mil novos casos diários. Em maio, o país teve seu auge no número de mortes ao chegar na marca de 4 mil mortes diárias devido a densidade populacional, a lotação dos hospitais e a falta de médicos na linha de frente. Além disso, este número pode ser ainda maior por causa da grande quantidade de subnotificações por muitos morrerem sem um laudo médico ao serem dispensados dos hospitais.

A Índia, atualmente, é um dos maiores fornecedores de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) junto com a China, sendo que os dois países correspondem a dois terços do abastecimento mundial. Com o agravamento indiano na pandemia durante os últimos dois meses, houve uma escassez ainda maior da matéria prima para a produção de vacinas no Brasil, dificultando ainda mais a vacinação no país.

Pandemia no Brasil

Maio se tornou o terceiro mês mais letal desde o início da pandemia no Brasil, foram registradas 59.010 mortes pelo novo coronavírus neste mês. Mesmo que a situação no Brasil continue lamentável, observa-se uma tendência de baixa, dado que na comparação houve uma queda de 28% em número de mortes em relação ao mês anterior e uma queda também na quantidade de casos, como podemos ver no gráfico abaixo:

Casos de covid – média móvel de 7 dias

Vemos que o Brasil ainda se recupera do seu pior momento da pandemia, que foi em meados de abril, onde chegou a mais de 3 mil mortes em apenas um único dia. Desde o pior momento, vários estados impuseram lockdown e restrições de circulação, assim como os próprios municípios. E como os dados acima mostram, as medidas restritivas fizeram efeito, conseguindo aliviar o número de casos e principalmente a ocupação de leitos de UTI.

Porém, o que chamou atenção no mês de maio foi a desaceleração do ritmo de vacinação. Depois de administrar em média 815 mil doses de vacina por dia no mês de abril, maio foi marcado por uma diminuição nesse número, chegando a apenas 678 mil doses da vacina, uma diminuição de 16,8% na aplicação de doses diárias.

Essa queda ocorreu exclusivamente na aplicação das segundas doses, que passou de 10,6 milhões em abril para 6,6 milhões em maio — mês em que o Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) paralisaram suas linhas de produção temporariamente por falta de insumos, respectivamente, das vacinas Coronavac e Oxford/AstraZeneca.

Até o momento, o Brasil vacinou 21,5% da população com uma dose contra a covid-19, mas menos da metade (10,5%) com as duas doses, segundo dados do Ministério da Saúde. O ritmo lento da campanha de imunização, advém da falta de insumos.

O maior problema no atraso da segunda dose diz respeito à Coronavac, devido a uma escassez de doses no país em decorrência da falta do insumo farmacêutico ativo (IFA) enviado pela China ao Butantan. 

Apesar desse ruído a respeito das vacinas, as perspectivas são positivas para a desaceleração da pandemia. Para o mês de junho, o ministério tem a expectativa de entregar aos estados 41,9 milhões de doses, sendo 5 milhões de doses da Coronavac; 20,9 milhões de doses da vacina da AstraZeneca; 12 milhões de doses da vacina da Pfizer; e 4 milhões de vacinas a ser recebidas por meio do programa global Covax. Quando todas essas doses tiverem sido aplicadas, será possível começar a acontecer a chamada imunização de rebanho, dando possibilidade da maior retomada da atividade econômica. 

MP da Eletrobrás

A medida provisória da Eletrobrás (ELET3) foi aprovada no dia 20 de maio na Câmara dos Deputados, essa medida busca a privatização  da companhia em linha com a agenda de privatizações do atual governo. Porém, caso seja aprovada no Senado, ainda não será uma companhia totalmente privada.

Como mencionado anteriormente, caso a MP passe pelo Senado, será necessário fazer uma cisão da empresa para então a venda de controle, semelhante com a BR Distribuidora. Isso advém da companhia possuir ativos que não podem ser privatizados por questões constitucionais, como usinas nucleares e a própria usina de Itaipu, então, seria feito uma cisão da companhia onde nessa NewCo ficariam esses ativos “estratégicos” e na Eletrobrás o restante, podendo assim privatizá-la.

O modelo para privatização será a venda das ações de forma progressiva por parte do governo, o qual deixa de ser automaticamente o principal acionista. Porém, na MP possui um mecanismo de certa forma semelhante ao da privatização da Vale, o qual prevê a criação das chamadas “Golden Shares”, ou seja, o governo irá possuir essas ações e mesmo com a venda da maioria das ações “tradicionais” ele ainda participará de decisões estratégicas da companhia e direito a cadeira no conselho de administração, semelhante a outras companhias privatizadas como Embraer.

 PIB e situação fiscal

Na última Carta de Conjuntura, citamos que a projeção do PIB brasileiro para o final de 2021 era de 3,09%, porém no mês de maio já foi divulgada uma nova projeção de crescimento. No Boletim Macrofiscal, publicado no dia 18, o Ministério da Economia divulgou que esperava uma projeção de crescimento do PIB em 2021 de 3,5%. No dia 31, a previsão ainda aumentou para 3,7%. Isso se deve a uma melhora do resultado econômico do primeiro trimestre de 2021, além de ser esperada uma aceleração no setor de serviços, com a contínua vacinação no país.

Observando a situação fiscal do país, é possível perceber que houve melhoria no resultado primário do país entre as previsões de maio e abril. O relatório extemporâneo citado na última Carta de Conjuntura  indicava que o déficit do governo neste ano passaria de R$ 286 bilhões (3,5% do PIB), e o novo relatório prevê déficit de R$ 187,7 bilhões (2,2% do PIB). Essa melhoria se deve à melhoria na receita, impulsionada pela retomada do crescimento, já que houve um acréscimo de R$ 11,7 bilhões entre os dois relatórios. Porém, a maior parte desse valor, cerca de R$ 10 bilhões, servirá para pagar o programa de manutenção do emprego, o BEm. A previsão total de despesas primárias praticamente não se alterou, ficando em R$ 1,621 trilhão, ante R$ 1,631 bilhão da publicação anterior. Por fim, o teto de gasto para este ano é de R$ 1,485 trilhão e as despesas sujeitas ao teto projetadas estão em R$ 1,490 trilhão.

Desemprego, Copom e inflação

Foi aprovado no dia 26 a MP nº 1021, que reajustou o valor do salário mínimo de 2021 de R$ 1.045 para R$ 1.100. O valor não repõe a inflação, já que o salário deveria ser reajustado para no mínimo R$ 1.102,00 para que isso ocorresse, porém, o aumento torna-se preocupante devido ao cenário de crise no país: com salários mínimos maiores, as empresas estarão mais propensas a demitir seus funcionários. A taxa de desemprego no Brasil atingiu 14,7% no primeiro trimestre deste ano, um novo recorde histórico, sendo o maior nível dos últimos dez anos. O número implica um crescimento de 2,5 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado e supera o recorde anterior de 14,6%, registado no período entre julho e setembro de 2020.

Na última Ata do Copom, publicada no dia 11, foi relatada a evolução positiva da atividade econômica brasileira, apesar da incerteza acerca do crescimento da economia ainda permanecer acima do usual. Além disso, foi indicado que a expectativa de inflação para 2021, 2022 e 2023 apuradas pela pesquisa Focus encontra-se em torno de 5,0%, 3,6% e 3,25%, respectivamente, sendo que para este ano encontra-se no topo do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação. Assim, definiu-se nessa reunião pela elevação de 0,75% na taxa de juros, elevando a taxa Selic de 2,75% para 3,5%. Dependendo da evolução da atividade econômica, o balanço de riscos, e as projeções e expectativas de inflação, é considerado pelo Copom um ajuste na taxa de juros da mesma magnitude na próxima reunião.

De acordo com o IBGE, a prévia da inflação de maio ficou em 0,44%. O índice ficou abaixo da taxa de abril (0,60%) e acumula alta de 3,27% no ano. Nos últimos 12 meses, a variação está em 7,27%, acima dos 6,17% registrados nos 12 meses anteriores. O maior impacto na prévia da inflação foi o grupo saúde e cuidados pessoais, que subiu 1,23%, influenciado pelo reajuste de 10,08% nos medicamentos. Porém, individualmente, o maior impacto veio da alta na energia elétrica, que subiu 2,31%, dentro do grupo habitação, que teve aumento de 0,79%. O único grupo que teve deflação em maio foi o de transportes (-0,23%), influenciado pela queda de 28,85% nas passagens aéreas. 

Relacionado com o aumento do custo da energia elétrica, está a atual crise hídrica no Brasil: foram registrados no período entre setembro e maio de 2021 os piores níveis de chuvas em 91 anos de histórico no reservatório das hidrelétricas, principal fonte de geração de energia do país. Com a escassez de chuvas, está sendo considerado pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), liderado pelo Ministério de Minas e Energia, a flexibilização de restrições à operação de algumas hidrelétricas, com o objetivo de permitir maior geração de energia ou mais armazenamento em determinadas regiões. As flexibilizações, no entanto, devem enfrentar resistência tanto da Agência Nacional de Águas (ANA) como do Ibama (e outras organizações) por preocupações ambientais e políticas. No dia 28, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou a mudança da bandeira amarela para a vermelha, fazendo com que o aumento do custo da produção seja redirecionado às famílias brasileiras, possivelmente agravando a atual crise, aumentando a inflação do grupo para o próximo mês e diminuindo a expectativa de crescimento do PIB.

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Autores: Artur Roman, Carolina Melo, Ricardo Pering, Vinícius Cadorin

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