Frequentemente lemos e ouvimos falar que o Banco Central realizou leilões de swap cambial e leilões de swap reverso. Ainda assim, poucos realmente entendem esse instrumento financeiro.
No Brasil, assim como em muitos outros países, o regime cambial é do tipo flutuante “sujo”. Ou seja, as taxas de câmbio oscilam diariamente, de acordo com a oferta e demanda, porém é comum intervenções das autoridades monetárias no mercado de câmbio. Essas intervenções visam levar o câmbio à níveis considerados adequados pelo governo e/ou evitar variações excessivas, que poderiam ser danosas à economia.
No Brasil, as preocupações das autoridades monetárias são ora com efeitos de desvalorizações do câmbio sobre a inflação, ora com efeitos de valorizações sobre a competitividade da indústria e das exportações em geral. Os swaps cambiais são ferramentas muito utilizadas pelo nosso Banco Central para tentar atingir esses objetivos.
Mas afinal o que é um Swap?
Os swaps são contratos de troca de indexadores (taxa de juros, variação cambial, variação na cotação de commodities, entre outros), comumente utilizados para gerenciar os riscos das partes envolvidas. Por exemplo, uma empresa endividada em dólares querendo proteger-se da desvalorização do câmbio realiza um contrato com uma empresa endividada em moeda local que teme um aumento nas taxas de juros.
Num contrato de swap cambial “normal”, uma das partes, investidor ou instituição financeira, quer se proteger do risco de desvalorização da moeda local, enquanto a outra, o Banco Central, tem interesse em manter a taxa do câmbio estável, sem muita volatilidade.
Nesse contrato, o Banco Central se compromete a pagar a variação cambial (indexador #1) do período e o investidor se compromete a pagar uma taxa de juro (indexador #2) do mesmo período, ambos sobre um principal, chamado de Notional Value, previamente acordado, sem que haja a troca do valor principal, somente o pagamento das diferenças dos fluxos decorrentes dos indexadores.
Exemplo
Digamos que esteja sendo negociado um Swap Cambial com contrato de 6 meses. Ele possui tais características:
Notional Value do contrato: R$ 10 milhões.
Taxa de juros negociada: variação da Taxa DI (média dos juros dos depósito Interbancários).
Taxa de Câmbio negociada: Dólar spot (dólar “à vista”, diferente de dólar futuro)
Dado tal contrato, se o Banco Central comprar esse contrato ele estará realizando a operação de swap cambial “normal”. Quando o Banco Central compra o contrato, a outra parte – investidor ou instituição financeira – assume a venda desse contrato.
O Banco Central entra “comprado”/”ativo” em CDI e “vendido”/”passivo” em dólar, e o oposto acontece com a outra parte. Após o leilão de tal swap, digamos que no próximo período de 6 meses ocorreu a seguinte variação nos indexadores do contrato:
Variação CDI no período: +6,5%
Variação Cambial no período: +11,7%
Ao final do contrato, na data especificada, o Banco Central paga R$ 1,17 milhões ao investidor, referente à variação cambial sobre o Notional Value, e recebe do investidor, ou instituição financeira, R$ 650 mil, tendo como resultado líquido na operação um prejuízo de R$ 520 mil. Já a contraparte, tem como resultado líquido um ganho de R$ 520 mil.
Lembrando que o dinheiro que trocou de mãos na operação foi em moeda local e não em dólares, por isso se diz que o swap cambial normal se equivale a uma venda da moeda no mercado futuro, diferente de uma venda direta de dólares no mercado.
O Banco Central realiza essa operação buscando uma queda do dólar frente ao real, uma queda da volatilidade do câmbio, ou simplesmente pode ser utilizado pela autoridade monetária para identificar as expectativas dos agentes econômicos em relação ao câmbio.
E o reverso?
O swap reverso nada mais é do que a negociação do mesmo contrato de swap cambial, no entanto, o Banco Central realiza vendas desses contratos, assumindo, consequentemente, posição ativa em variação cambial e passiva em taxa de juros. Essa operação corresponde a uma compra da moeda no mercado futuro.
O Banco Central vende tais contratos quando julga necessário desvalorização do real frente ao dólar, ou simplesmente o controle da volatilidade no mercado de câmbio.
Fato interessante: O Banco Central teve perda de R$ 89,7 bilhões de reais com swaps em 2015.
Mano, ta muito bom isso! Parabéns!
Muito bom!
Muito explicativo e conciso!
Parabéns!
Que legal, nunca tinha entendido isso! Primeira vez que alguém explica isso bem.
Aprendi! Grato!